quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um (Pt. 2)

Parte 1: http://insetosdecarne.blogspot.com.br/2012/05/um-pt-1.html

UM (Pt. 2)


        E meu passos ecoavam em cada viela, em cada prédio que ainda ficara de pé, cada destroço pelo qual eu passava me fazia lembrar do dia em que tudo ruiu. Eu não sei dizer exatamente como tudo aconteceu, como o mundo ficou assim, eu só lembro das pessoas correndo enquanto as casa se partiam ao meio, a cidade já era cinza, machada pela poluição, que foi umas das principais causadoras desse belo incidente. Alguns homens tentavam salvar suas famílias, ajudar pessoas a saírem de casa antes que a mesma desabasse, muitas foram soterradas. Os tremores que estavam destruindo a cidade, foram ocasionados por um incidente em um projeto industrial do governo, "uma fonte de energia totalmente nova e ecologicamente correta!" Era o que os lideres diziam, mas um dia, um acidente ocorreu, a maquina, que ficava no subsolo, se superaqueceu e liberou uma onda magnética extremamente forte na terra, ocasionando assim a destruição de tudo que um dia foi construído pelo homem. Mas mesmo assim, a maioria sobreviveu, todos pensavam que o acidente havia ocorrido somente naquela cidade, mas logo ficamos sabendo que não, o mundo inteiro foi atingido. Dentro de poucos meses, a metade da população mundial foi perdida, em um ano, poucos ainda estavam lá, alguns andavam em grupos, armados com facas e canos, eles caçavam, mas quase não havia animais para se caçar, e quando não sobrou nenhum, o ser humano virou seu próprio alimento, caçadas canibais, mortes sangrentas, todos haviam enlouquecido, mas nem todos eram canibais, havia um grupo de pessoas como eu, que comiam o pouco q ainda restava em supermercados e bares, mesmo q já estivesse vencido, mas mesmo assim, era difícil encontrar comida, por isso a maioria preferia sair e caçar. Mas logo todos já estavam mortos, os corpos dos que morreram de fome serviram de alimento para os poucos que sobraram, e estes foram matando uns aos outros até que não sobrou nenhum, a comida era escassa, confesso que cheguei a comer carcaça de gente, os peixes foram mortos pelo lixo toxico, os animais terrestres pela caça e pela fome, mas após três anos, a natureza começou a florir novamente, ele sempre esteve lá, mas nunca dava frutos, era minha nova fonte de alimento, era puro e natural.
        E lá estava eu, anos depois do "Fim do Mundo", passava o dia escutando musicas por um fone que só funcionava de um lado, eu não tinha um gosto musical predileto, eu simplesmente ouvia o que começasse a tocar, tinha muitas musicas no velho aparelho, que por algum motivo misterioso nunca descarregava, talvez as suaves ondas magnéticas o mantivesse carregado, não sei se faz muito sentido, eu não entendo muito bem sobre eletrônicos e coisas do tipo. Caminhava, na falta de um veiculo que funcionasse, usava meus pés, já calejados de tanto andar, passava por cidades e cidades, devastadas e cobertas de lembranças mortas, fragmentos de historias que nunca mais seriam contadas ou vividas. Memorias que logo seriam esquecidas por mim, e cairiam no eterno esquecimento, o mesmo lugar ao qual eu estou predestinado.


Matheus Menegucci


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